sábado, 17 de dezembro de 2011

Em comunhão com Deus





Tenho percebido que havia um vazio em mim que não cessava. Não importa o quanto eu procurasse me realizar nas diversas áreas da minha vida, nada parecia suprir esse vazio. Esse ano foi bem difícil. Meu sobrinho nasceu e é lindo demais. Traz alegria, vivacidade, nos inspira, distrai. Mas também sofremos perdas grandes que são difíceis de administrar.


É no fim da vida que vemos o que fizemos dela. Eu acompanhei o fim da vida de um homem. Um homem que foi correto, buscou semear bons relacionamentos, tinha boas práticas. E o fim dele foi um fim digno de um HOMEM. Em um ano ele adoeceu muito. Era um homem ativo, e apesar de sua idade já avançada, mantinha uma vida bem movimentada. Em um ano ele foi adoecendo, adoecendo, seu ritmo foi diminuindo sem que os médicos pudessem dizer a causa. Após alguns meses o veredito parecia ser previsível. Um câncer extremamente agressivo tomou conta dele. Em poucas semanas o que era uma suspeita e a busca por tratamento, se tornou uma doença sem controle que atingiu seu intestino, pulmão e cabeça. Ele começou a ficar confuso, esquecer coisas simples e falar coisas desconectas. Nesse período o médico indicou que levássemos ele para casa e desse o melhor para ele no fim da sua vida. Aí foi onde comecei a aprender. Apesar desse quadro e de dia-a dia seu corpo ficar mais debilitado não vi ele reclamar ou murmurar nenhuma vez. Estava numa cama hospitalar, aos poucos foi perdendo a força para se levantar e se mexer sozinho, tinha sérias dificuldades pra respirar e toda sua alimentação era por sonda. Apesar disso nunca fui tão abençoada por conviver com ele. Ele abençoava todas as pessoas que o visitavam. E eram muitas. Pássavamos o dia todo atendendo visitas. Ele as adorava. Amigos que não podiam ser contados. Amigos que vinham de longe. Amigos que passavam horas. Amigos que achavam um tempo na sua agenda para passar a noite acordado cuidando dele, apesar de ter trabalhado e/ou ter que trabalhar no outro dia. As palavras dele eram profundas. Falava da certeza da existência de Deus, da certeza de sua salvação, da certeza do amor de Deus por ele. Enquanto eu questionava os porquês a Deus, ele só dizia que Deus era maravilhoso. Não tinha forças pra se levantar, mas usava o resto de suas forças para louvar. Teve poucas dores, orava para Deus livrá-lo das dores e em uma noite, muito cansado de tudo ele abriu os olhos, olhou para a enfermeira que orava com ele por causa de apnéias sorriu e repirou profundamente e tranquilamente. Deus o levou para o descanso. Bom, foram muitos ensinamentos, muitas palavras de bençãos às pessoas e muitas orações proferidas à todos. Convivendo com ele senti novamente o amor do Pai e voltou a vontade de estar com Deus na igreja. Se todos teremos um fim, que o meu possa ser tão lindo como o dele. Aprendi muito.


Passados três meses vejo o quanto aprendi e o quanto ele foi importante pra mim. Agradeço a Deus por ter vivido esse momento e por ter aprendido. Obrigado por essa experiência, Senhor.

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